quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Dissertação: A função social do humor



Sigmund Freud relatou, em sua obra "O mal-estar na cultura", a luta que o cidadão trava na sua busca para atender às exigências culturais e seu mal-estar por conta disso. Torna-se necessário, nesse sentido, valvulas de escape que aliviem esse mal-estar causado pelo conflito entre suas pulsões primitivas e os condicionamentos sociais.
O tema do humor enquanto função social de manutenção da civilidade foi pouco difundido; Platão e Aristóteles falavam do riso enquanto sinal de superioridade. Henri Bergson, em sua obra "O riso" (1901), aponta para as situações que nos fazem rir, o significado da comicidade e suas fundamentações; Freud, em Chistes (1905) e em O Humor (1927), tratou do cômico e sua relação com o inconsciente.
É importante ressaltar que essa função é estudada, no presente caso, ao nível social com base em análises psicanalíticas e não do riso enquanto fenômeno biológico.
Afinal, que função é essa? O humor revela um lado do homem de imperfeições e tem o poder de ridicularizar conceitos que até então eram respeitados ou temidos. Dessa forma, o humor, essencialmente subversivo e libertador, liberta momentaneamente o sujeito da rigidez das convenções sociais.
O humor sarcástico, por exemplo, traz consigo uma inversão de valores onde a hipocrisia nao encontra o seu lugar. O seu poder de aliviar o individuo do politicamente correto sem que isso caracterize um posicionamento sério por parte de quem faz o humor também é uma caracteristica: sua única responsabilidade é a de divertir e não de persuadir.
Além disso, o humor tem o obejtivo de entrerter o individuo e há evidências de que ele funcione, como disse Freud em seu O Mal-estar na cultura, como filtro de esquecimento do sofrimento, ao lado das religiões e das artes.
Segundo Sigmund Freud, o riso ocorre quando liberamos impulsos reprimidos em nosso insconsciente. O riso cumpre, nesse sentido, a função de equilibrar as emoções do individuo reprimido pela cultura. Seu mal-estar consiste no desequilibrio causado pela tensão entre os impulsos reprimidos e a sua falta de expressão; tal expressão nós obtemos no riso ou no ato de fazer humor.
Denise Maria Oliveira , em seu artigo "Pontos de vista sobre o humor: Pirandello e Freud" enfatiza a função do humor:"O humor pode ser considerado uma das funções de defesa que diferentemente da repressão, encontra um meio de converter desprazer em prazer". O humor, Segundo Freud em seu ensaio de 1927 O humor, não apenas significa o triunfo do eu mas também do principio do prazer: a rejeição da dura realidade e imposição do principio do prazer. Imposição, diga-se de passagem, necessária a sobrevivência de um eu sadio.
Não importa o quão hostil seja o meio o qual o homem vive, sempre poderemos fazer piadas sobre ele e tirar prazer das adversidades que o cerca, fazendo novas interpretações dos fatos enquanto rimos. Por isso, deve-se recomendar o humor como ferramenta capaz de livrar o individuo, mesmo que momentaneamente, das fontes de desprazer advindas da vida em sociedade.
Segundo Marilia Brandão Lemos Morais, em seu artigo "Humor e psicanálise", o que o humor transmite significa: “Olhem! Aqui está o mundo, que parece tão perigoso! Não passa de um jogo de crianças, digno apenas de que sobre ele se faça uma pilhéria!”.
Nesse aspecto, o humor é transgressor, pois desvia o sujeito da alienação social e o faz reduzi-la a uma boa gargalhada.
Não significa que quem não tem o dom raro e precioso do humor não irá satisfazer-se: o elemento catártico faz com que todos tenham acesso ao que humor é capaz de oferecer. Sendo raro, o dom do humor faz do comunicador humorista um libertário, que liberta o espectador da repetição cotidiana para fazer-lhe revelações prazerosas sobre o mundo que o cerca.
A grosso modo, ele cumpre um papel politico importante, não é atoa que no Brasil possuimos um palhaço eleito deputado Federal pelo estado de São Paulo, ele tenta fazer pela administração do seu pais aquilo que fizera quando humorista reconhecido. Francisco Everardo Oliveira Silva (o Tiririca) é um exemplo com o potencial de demonstração da verdadeira importância que o humor tem na vida do individuo. Se pudéssemos traduzir aquilo que eleitor brasileiro levou em conta ao escolher o palhaço como representante politico, diriamos que ele escolheu como representante também o humor.
Contudo, levando-se em consideração o humor em sua ampla função social de acomodar o sujeito a si mesmo, tornando possível sua distração enquanto desperta-lhe a alegria de viver em sociedade e de conviver com paz de espirito com as exigências culturais, levando-o a rir delas de vez em quando, pode-se conceituar a ferramenta do humor como um meio capaz de influir no âmbito social positivamente, equilibrando as relações humanas e tornando-as mais suportáveis; fica demonstrado, portanto, que o humor é um caso sério e que merece mais atenção.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE FINAL)

Freud pede desculpas por não ter sido mais competente ao esboçar suas ideias e retoma questões discutidas em seu ensaio.
Apontando mais uma vez para o sentimento de culpa, ele afirma que se trata do problema mais importante no desenvolvimento cultural, e demonstra que o preço do progresso cultural é pago com a perda de felicidade devido a intensificação do mesmo sentimento. Esse é, segundo Freud, o resultado final da sua investigação.
Freud fala na existência de um sentimento de culpa inconsciente, e diz que tal tipo de sentimento de culpa é mais comum. Além disso, afirma que o mesmo sentimento é uma variante da angustia.
Sobre a relação da religião com o sentimento de culpa, ele diz: “As religiões, pelo menos, nunca ignoraram o papel do sentimento de culpa na cultura [...] Elas inclusive tem a pretensão, o que não apreciei em outra parte, de redimir a humanidade desse sentimento de culpa, que chamam de pecado” (p. 166).
Freud esclarece o significado do termo supereu dizendo que ele se refere a uma instancia inferida por nós; esclarece também que a consciencia moral é uma função que, entre outras, lhe atribuímos, e que tem de vigiar e julgar os atos e as intenções do eu, ela exerce, assim, uma atividade censora; já o sentimento de culpa, chamado de rigor do supereu, é a mesma coisa que a severidade da consciência moral, é, assim, a percepção reservada ao eu de ser vigiado dessa maneira: a avaliação da tensão entre suas aspirações e as exigências do supereu, chamado, inclusive, de sádico.
6. Além da formula “Eros e impulso de morte” caracterizar o processo experimentado pela humanidade, ela é também relacionada com o desenvolvimento do individuo, e, segundo Freud, teria revelado o segredo da vida orgânica.
Relembrando a meta principal no desenvolvimento do individuo, Freud diz que ela consiste no programa do principio do prazer, que se baseia em obter satisfações que proporcionem felicidade. Desse modo, a aspiração do individuo é egoísta ou de felicidade. Sendo que também pode ser altruísta, já que é membro de uma comunidade, e é chamada por Freud de cultural.
Freud fala da existência de um supereu cultural, massificado. Da mesma forma do supereu individual, o supereu cultural impõe exigências as massas, sendo a ética uma dessas exigências.
Para Freud, a questão decisiva da espécie humana é a de saber em que medida o seu desenvolvimento cultural será bem sucedido em dominar o obstáculo a convivência representado pelos impulsos humanos de agressão e de autoaniquilação.
Quem ganhará? Eros ou morte? Freud termina seu ensaio com essa questão.

( Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE VII) "O sentimento de culpa"

Freud dedica essa parte do ensaio ao sentimento de culpa e a consciência moral, assunto tratado por Friedrich Nietzsche em seu livro Genealogia da Moral.
Para explicar o sentimento de culpa, Freud diz que este resulta da instauração de um supereu( instancia psíquica do individuo), que submete o eu a sua severidade e a severidade da consciência moral. Deste modo, o sentimento de culpa tem duas causas apresentadas: o medo da autoridade e o medo da autoridade interiorizada pelo supereu. Assim, Freud explora tais temas:
Sobre a consciencia de culpa, Freud escreveu: “Chamamos de consciência de culpa a tensão entre o supereu severo e o eu submetido a ele; ela se exprime como necessidade de punição”. “Assim a cultura domina a perigosa agressividade do individuo na medida em que o enfraquece, desarma e vigia através de uma instancia em seu interior, do mesmo modo que uma tropa de ocupação na cidade conquistada” Pag. 144
4. Segundo o autor, somente após a instauração de um supereu no interior do individuo é que poderemos falar em sentimento de culpa. Do supereu nada pode ser escondido, nem sequer os pensamentos. Então o sentimento de culpa aparece não apenas por fazer o mal, (o que resultaria em arrependimento e não sentimento de culpa) mas por desejá-lo simplesmente. Sobre essa relação do eu com o supereu, Freud registra: “O supereu atormenta o eu pecador com os mesmos sentimentos de medo e fica a espreita de ocasiões para fazer com que seja punido pelo mundo exterior” Pag. 148. Contudo, no desenvolvimento psíquico do individuo, a consciência moral estará sendo moldada.
A renúncia aos impulsos é a consequência do medo da autoridade externa e da consciência moral, que irá ser a origem da consciência de culpa. Em outras palavras, a agressão da consciência moral sobre o eu conservará a agressão da autoridade que condicionou o eu. A renúncia dos impulsos, cría, ela mesma, uma consciência moral, que a partir disso requer mais e mais renúncias causadas por mais e mais repressões.
Freud diz que não podemos ignorar que grande parte do sentimento de culpa da humanidade advém do Complexo de Édipo, que nesse sentido é causado com a participação do dinamismo entre o amor pelo pai e a rivalidade com ele, mostrando mais uma vez a luta entre Eros e o impulso de morte, o modelo que começou com o pai e que se consome com quando relacionado com a sociedade.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE VI) "Eros e Morte"

Sigmund Freud aguça o tema do conflito entre Eros e Morte, fala sobre ambos e mostra a luta entre eles no desenvolvimento cultural da humanidade.
Freud começa citando o dito do filósofo-poeta Schiller de que fome e o amor mantém coeso o mecanismo do mundo. A fome, nós diz Freud, conserva o individuo, o amor, por outro lado anseia por objetos: a autoconservação e as exigências da libido.
Freud escreve que em sua obra Alem do principio do prazer está demonstrado que no individuo residiria uma força da vida e uma força oposta que se esforça para reduzir a vida ao seu estado primordial, inorgânico. Além de Eros, portanto, um impulso de morte: tal impulso se mostra um impulso de agressão ao mundo exterior e de destruição.
No sadismo e no masoquismo o impulso de morte é expresso. No sadismo o impulso de morte ligado ao erotismo relaciona-se com Eros e está ligado ao gozo narcísico.
Sobre a relação da cultura com Eros, Freud escreveu: ”Acrescentamos que a cultura é um processo a serviço de Eros, que deseja reunir indivíduos humanos isolados, depois famílias, então tribos, povos e nações em uma grande unidade, a humanidade”.( p. 141)
Já sobre o impulso de morte, ele registra: “Esse impulso agressivo é o derivado e principal representante do impulso de morte que encontramos ao lado de Eros, e que divide com este o domínio do mundo”. (p. 142)

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE V)

Se antes a cultura era um contra-tempo para a felicidade e a sexualidade, agora ela é responsável pela castração dos impulsos agressivos do homem. Freud nos mostra como isso se dá:
Uma das máximas da sociedade aculturada, segundo Freud, diz: “Amar o próximo como a si mesmo”. Tal máxima, para Freud, é irrealizável - amar ao próximo sem que ele me cative de alguma maneira é impossível - além de irracional. Mas então o que um estranho merece de mim? Freud nos dirá que merece minha hostilidade, meu ódio, pois não parece ter o mínimo amor por mim, e não demonstra por mim a mínima consideração, poderá me prejudicar caso lhe convenha, etc. Dessa forma Freud protesta contra o mandamento, e diz que se o mandamento fosse: “Amará o teu próximo como o teu próximo te ama”, ele não protestaria. Além disso, critica outro mandamento: “amará teus inimigos”. Mas economiza palavras e diz que no fundo tem o mesmo sentido do primeiro mandamento.
Homo homini lúpus" (o homem é o lobo do homem), Freud cita Hobbies e diz que sua máxima é incontestável. Essa inclinação agressiva, agora citada por Freud, perturba nosso relacionamento com o outro e força a cultura a dispêndios. Ele escreve: “A cultura precisa fazer de tudo para impor limites aos impulsos agressivos do homem.” (p. 125)
Nesse ponto, Freud cita os comunistas como idealizadores do homem bom, bem-intencionado, mas corrompido pela propriedade privada: a propriedade privada dá o direito de quem o poder de maltratar quem não tem. Caso ela fosse abolida a hostilidade entre os homens desapareceria. Freud não acha que a abolição da propriedade privada resolveria os problemas: diz que não é fácil para o homem renunciar a sua tendência agressiva.
Analisando o etnocentrismo, Freud dá-lhe uma terminologia psicológica de “narcisismo das pequenas diferenças”, o que, segundo o autor, não contribui muito para a sua explicação. Ele escreve: “Nele se reconhece uma satisfação cômoda e relativamente inofensiva da tendência a agressão por meio do qual a união dos membro da comunidade é facilitada.”Pag. 129
Segundo o autor, as coisas eram melhores quando o homem vivia em condições primitivas, pois não encontrava qualquer restrição a seus impulsos. Por outro lado, ele não tinha algo que a cultura lhe trouxe: segurança.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE IV)

Freud irá falar do amor enquanto instrumento de midiático de socialização. Além de apontar suas origens antropológicas, ira definir os tipos de amor e sua relação com a cultura.
Quando o homem primitivo descobriu que o que o trabalho poderia melhorar a sua vida, não pode ser indiferente ao fato de que outros poderiam trabalhar com ele ou contra ele. Assim, Freud diz que conviver com o outro se tornou util. Sendo que os primeiros ajudantes do homem primitivo foram os membros da sua própria família. O arbítrio do pai enquanto chefe era ilimitado. Dessa forma, a convivência entre os homens foi duplamente motivada: Através da coação do trabalho, resultado de necessidade exterior, e através do poder do amor. Nesse sentido, “Eros e Ananque: (amor e necessidade) também se tornaram pais da cultura humana.
Freud parte do ponto de que o amor é um fundamento da cultura, tanto o amor sexual (genital) e do amor constituído de impulso de meta inibida. O primeiro refere-se ao amor entre o homem e a mulher enquanto o segundo ao amor universal. Exemplos de expressão desse segundo tipo de amor são encontrados em figuras da religião, como São Francisco de Assis, que interiorizava esse sentimento de felicidade chamado de amor de meta inibida, onde o amor universal pela humanidade é alimentado.
O autor critica esse tipo de amor afirmando que um amor que não escolhe perde o seu valor. Além disso, Freud escreve que nem todos os seres humanos são dignos de amor. Já o amor que fundou a família permanece ativo.
Sobre os dois tipos de amor, Freud diz: “É chamado de amor a relação entre um homem e uma mulher que em razão de suas necessidades genitais fundaram uma família, mas também recebem esse nome os sentimentos positivos entre pais e filhos, e entre irmãos na família, embora tenhamos que descrever essa relação como amor de meta inibida, como ternura”.(p. 109)
Esse amor de meta inibida, segundo Freud, leva a amizades que se tornam culturalmente importantes porque escapam a algumas limitações do amor genital – por exemplo, a sua exclusividade.
A cultura ameaça o amor com sensíveis limitações. Tais limitações aparecem no conflito entre a família e a comunidade maior a que o individuo pertence. Sobre esse conflito, Freud escreve: “As mulheres representam os interesses da família e da vida sexual; o trabalho da cultura se tornou sempre mais um assunto de homens, coloca-lhes tarefas sempre mais pesadas, força-os a sublimações dos impulsos de que as mulheres são pouco capazes.” (p. 111)
Assim, as práticas culturais afastam o individuo da tarefa de marido e de pai. E a mulher se vê em segundo plano. Através de tabus, leis, costumes e proibições são fixadas limitações tanto para o homem como para a mulher. A cultura deixa claro que permitirá apenas o amor heterosexual que vise tão-somente a reprodução da espécie. (É evidente que Freud se referencia na cultura de sua época). Nesse sentido, ele enfatiza que a vida sexual do homem aculturado está comprometida, e que se encontra em um processo involutivo.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE III)

Freud define cultura como aquilo que nos protege das fontes do sofrimento, destaca suas imposições e seu efeito sobre o homem.
O autor nos conta que fomos malsucedidos na criação de uma proteção contra o tipo de sofrimento advindo das nossas relações sociais. Ele escreve que nossa culpa é gerada pela cultura e que seriamos mais felizes se retornássemos as nossas condições primitivas.
Grande parte dessa hostilidade cultural deve ter começado, segundo o autor, com a vitória do cristianismo sobre as religiões pagãs. E crescido com a descoberta de terras ocupadas por tribos indígenas: grupos de navegadores europeus se achavam superiores aos índios e julgavam levar uma vida feliz, erroneamente.
Outra forma de exigência cultural que se transformou em desilusão fora o domínio do homem sobre a natureza, a descoberta de técnicas baseadas nas ciências naturais o levaram a perceber que isso não o tornava mais feliz. Tais conquistas não significaram muita coisa. Citando a medicina e seus avanços, Freud diz que não adianta ter uma vida longa se ela é carregada de sofrimento.
Freud diz que: “a palavra cultura designa a soma total de realizações e disposições pelas quais a nossa vida se afasta da de nossos antepassados animais” (p. 87), sendo que tais realizações servem para o fim de proteção do homem contra a natureza, priorizando aquilo que lhe é útil.
Ao mesmo tempo em que homem se volta para o que útil, se preocupa com o que é inútil, sendo o belo um exemplo disso.
Além disso, esperamos ver sinais de limpeza e de ordem: limpeza do corpo e fora dele e ordem nas ações humanas.
A estima e o cultivo das atividades psíquicas superiores, realizações intelectuais, cientificas e artísticas ocupam um lugar especial entre as caracterizações de cultura. Os sistemas religiosos estão a frente dessas ideias. Ao lado deles encontram-se as especulações filosóficas. E, o que se pode chamar de idealização de caráter perfeito de um homem, uma nação, ou toda a humanidade também estão na lista. Também é considerado o traço de cultura aquilo que entende o individuo social: o direito de uma comunidade em substituição do direito singular, do indivíduo. Não obstante, a justiça, enquanto ordenamento jurídico inquebrável também é um traço cultural a se considerar.
A derivação psíquica dessas exigências continua sendo o ganho de prazer.
Freud diz que cultura é sinônimo de aperfeiçoamento, e que é o caminho da perfeição traçado pelo homem.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE II)

Na parte II, de Mal-estar na cultura, Freud levanta uma questão: qual a finalidade da vida para o homem? Encara o problema então sob a concepção da busca pela felicidade e evidencia os seus entraves.
O homem comum entende sua religião como finalidade da sua vida, sua doutrina e suas promessas de compensação da vida numa vida do além são seu norte. Pensando como um humanista, Freud acha doloroso pensar que a maioria dos mortais nunca se elevará acima dessa pespectiva.
Apesar disso, apenas a religião contém a resposta para a finalidade da vida do homem.
A vida, para Freud, nos traz muitas dores, desilusões e tarefas insolúveis. Para suportá-la, construções auxiliares são necessárias e fazem a vida funcionar, ele destaca três tipos dessas construções auxiliadoras da difícil vida: distrações poderosas que nos façam desdenhar nossa miséria, satisfações substitutivas que a amenizem e entorpecentes que nos tornem insensíveis a ela. Freud exemplifica a atividade cientifica como tipo de distração e a arte como satisfação.
5. Freud substitui a pergunta, e faz outra que julga ser mais modesta: O que os homens almejam alcançar na vida? – responde então que é a felicidade. Por um lado almejam a ausência de dor e desprazer e por outro querem viver sensações intensas de prazer. Mas felicidade, literalmente, refere-se apenas ao segundo tipo citado.
Assim, o sentimento de felicidade, enquanto finalidade da vida, está diretamente ligado ao principio do prazer, e é estritamente irrealizável, pois esta em conflito com o mundo externo. Somos, segundo S. Freud, feitos de tal modo que podemos gozar muito mais do contraste do que do estado pleno. Muito menores são os obstáculos para experimentar a infelicidade.
O sofrimento ameaça de três lados: do próprio corpo, do mundo externo, e das relações com outros seres humanos em sociedade. Essa última sendo a mais dolorosa.
8. Freud cita um método de obtenção da felicidade, que diz que é escapando da infelicidade e se afastando do mundo externo. Há outro modo: atacar a natureza com a ciência, influenciando o organismo e intoxicando-o.
Freud analisa a forma de prazer provindo da arte e diz que: “a suave neurose em que a arte nos coloca não capaz de produzir mais do que uma fugaz libertação das desgraças da vida, e não é forte o bastante para esquecer a miséria real.” (p. 71)
Freud então cita outro procedimento e afirma que o único inimigo é a realidade, sendo necessário cortar todos os laços com ela para ser feliz em algum sentido. E dá o exemplo do eremita, que dá as costas para o mundo real. Ainda é possível ainda transformar o mundo, e querer construir outro mundo melhor em seu lugar.
Cada um de nós, segundo Freud, age como um paranoico, corrigindo a realidade. E caracteriza a religião como delírio desse tipo. (quem adere ao delírio, nunca o reconhece como tal).
Freud então fala do amor enquanto método de obtenção da felicidade: amar e ser amado. E cita o amor sexual como forma de prazer avassalador. Por outro lado jamais sofremos tanto do que quando perdemos o amor, o que nos mostra que estamos desprotegidos quando amamos. Contudo, isso não desmerece o amor como fonte de felicidade. (não apenas o amor, mas a beleza em seu sentido mais geral).
Já a técnica de obtenção da felicidade proposta pela religião na verdade atrapalha a busca do homem: “sua técnica consiste em depreciar o valor da vida e desfigurar a imagem do mundo real de modo delirante”. (p. 78). Apesar disso, a religião poupa os homens da neurose individual.
Há, nos dirá Freud, muitos caminhos que nos levam a felicidade, mas nenhum que nos leve até ela com segurança.

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal-estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE 1)

Freud explica que o sentimento oceânico: (sem barreiras ou limites), ou ainda, sensação de eternidade, gerada pela religião, é um fato puramente subjetivo, sendo o mesmo sentimento que o eu experimenta nas preliminares da sua formação, enquanto é um eu de prazer. Sendo fons et origo (fonte e origem) das necessidades religiosas
Assim, relacionando a religiosidade do homem a sua necessidade de sentir-se protegido como era quando criança, Freud analisa as religiões enquanto ilusões e como meios de negar o perigo provindo do mundo exterior.
Freud esboça uma descrição não cientifica desse sentimento, e enfatiza a dificuldade em trata-lo sob uma caracterização cientifica. Restando-lhe apenas uma descrição ideativa do sentimento, expressa acima.
Até que o desenvolvimento da criança instaure um principio da realidade, ela aprendera a distingui o que proveniente de si mesmo e o que advém do mundo. Essa distinção se desenvolve na medida em que também se desenvolve um mecanismo de defesa contra as sensações de desprazer, as quais ameaçam o eu.
Primeiramente o eu contem tudo de que precisa e não se distingue do mundo exterior. Após seu desenvolvimento, ele segrega de si mesmo o mundo exterior.
O sentimento oceânico apenas conserva essa ligação do eu consigo mesmo. Provando a sobrevivência do originário ao lado do posterior que dele se formou. Freud lembra que na vida psíquica nada se perde. Cit: “Na vida psíquica nada do que uma vez se formou pode perecer, de que tudo permanece conservado de alguma forma e pode ser trazido a luz novamente sob condições apropriadas.” (p. 50).

Filosofia como exercício no epicurismo

Filosofia como exercício no epicurismo
O epicurismo é conhecido como filosofia da busca pela felicidade; não obstante é chamada de filosofia de preparação para a morte. Viver de acordo com os epicuristas é buscar a felicidade evitando a dor e entendendo racionalmente o que significa a morte. Nesse sentido, para os epicuristas, filosofia é um instrumento moral, e deve ter como uma das suas preocupações a vida prática.
Ensinado em Atenas, no jardim de Epicuro, o epicurismo mais pareceu o resultado das diversas conversações entre Epicuro e seus amigos, mas não o foi: ele já era importante antes mesmo de chegar lá.
Nausifanes de Cartago (o água viva) foi um dos responsáveis pelo pensamento epicurista, e induzido pelo pensamento de Pirro que, por sua vez, foi fortemente influenciado pelas escolas atomistas, ensinou a Epicuro, enquanto seu mestre, a fisica do átomo e do vazio e sua aplicação tanto para a epistemologia como para a ética, antes de Epicuro se preocupar com a felicidade.
Para Epicuro, não é possível ser feliz com medo, por isso, para ser feliz o homem não deve temer os deuses ou a morte. Para tal é preciso que ele entenda como funciona a natureza e controle suas crenças: os deuses, divinos e perfeitos, não irão nos castigar, pois não se misturam com a vida humana e a morte nada é para nós, uma vez que quando ela é, nós é que não somos mais. Assim, conhecendo os princípios da morte e ensinando-lhe em quê acreditar, é possível libertá-lo do medo que o atormenta e conduzí-lo a uma vida feliz.
Segundo os epicuristas, não há idade para filosofar, assim como não há idade para ser feliz e conquistar a saúde da alma, alcançando a liberdade e cultivando os prazeres simples da vida. É preciso evitar os prazeres exagerados, para isso não se deve acostumar o corpo , pois isso acarretará em sofrimentos depois. Em um dos seus fragmentos, Epicuro nos dirá:
Chamamos ao prazer princípio e fim da vida feliz. Com efeito, sabemos que é o primeiro bem inato, e que dele derivamos toda escolha ou recusa e chegamos a ele valorizando todo bem com critério do efeito que nos produz.”


Os prazeres aos quais ele se refere não podem ser confundidos com os prazeres sensuais, mas sim com aqueles que livram o homem do sofrimento do corpo e das pertubações da alma. Além disso, ele ainda destaca os prazeres estáveis e os prazeres do movimento: o primeiro caracterizado pela ausência de perturbação e o segundo pela sua vivacidade do movimento.
A morte, dirá eles, é a privação da sensibilidade, uma vez que todo bem e todo mal advém da sensibilidade, a morte nem bem e nem mal é. Nessse sentido, não há nada de terrível em deixar de viver. Os epicuristas nos dirão ainda que temer a morte é fruto da ignorância, sobre isso, Epicuro escreve a Meneceu, em sua carta para a felicidade:
O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixarde viver; viver não é um fardo e não-viver não é um mal.
Desse modo, para os epicuristas, a busca pela felicidade conta com um método denominado TETRAPHARMAKON (quatro drogas), que além de dizer para não temer a morte e os deuses, diz que a dor pode ser suportada e que a felicidade pode ser alcançada.
Contudo e nessee sentido, pode-se afirmar que filosofia como exercício no epicurismo consiste em apreender os ensinamentos de epicuro e aplicá-los a vida prática, buscando a felicidade e procurando viver de acordo com prazeres necessários, evitando os desnecessários.