Freud
define cultura como aquilo que nos protege das fontes do sofrimento,
destaca suas imposições e seu efeito sobre o homem.
O
autor nos conta que fomos malsucedidos na criação de uma proteção
contra o tipo de sofrimento advindo das nossas relações sociais.
Ele escreve que nossa culpa é gerada pela cultura e que seriamos
mais felizes se retornássemos as nossas condições primitivas.
Grande parte dessa hostilidade cultural deve ter começado, segundo o
autor, com a vitória do cristianismo sobre as religiões pagãs. E
crescido com a descoberta de terras ocupadas por tribos indígenas:
grupos de navegadores europeus se achavam superiores aos índios e
julgavam levar uma vida feliz, erroneamente.
Outra
forma de exigência cultural que se transformou em desilusão fora o
domínio do homem sobre a natureza, a descoberta de técnicas
baseadas nas ciências naturais o levaram a perceber que isso não o
tornava mais feliz. Tais conquistas não significaram muita coisa.
Citando a medicina e seus avanços, Freud diz que não adianta ter
uma vida longa se ela é carregada de sofrimento.
Freud
diz que: “a
palavra cultura
designa a soma total de realizações e disposições pelas quais a
nossa vida se afasta da de nossos antepassados animais”
(p. 87),
sendo
que tais realizações servem para o fim de proteção do homem
contra a natureza, priorizando aquilo que lhe é útil.
Ao
mesmo tempo em que homem se volta para o que útil, se preocupa com o
que é inútil, sendo o belo um exemplo disso.
Além
disso, esperamos ver sinais de limpeza e de ordem: limpeza do corpo e
fora dele e ordem nas ações humanas.
A
estima e o cultivo das atividades psíquicas superiores, realizações
intelectuais, cientificas e artísticas ocupam um lugar especial
entre as caracterizações de cultura. Os sistemas religiosos estão
a frente dessas ideias. Ao lado deles encontram-se as especulações
filosóficas. E, o que se pode chamar de idealização de caráter
perfeito de um homem, uma nação, ou toda a humanidade também estão
na lista. Também é considerado o traço de cultura aquilo que
entende o individuo social: o direito de uma comunidade em
substituição do direito singular, do indivíduo. Não obstante, a
justiça, enquanto ordenamento jurídico inquebrável também é um
traço cultural a se considerar.
A
derivação psíquica dessas exigências continua sendo o ganho de
prazer.
Freud diz que cultura é sinônimo de aperfeiçoamento, e que é o
caminho da perfeição traçado pelo homem.
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