quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

(Sessão psicanálise) Resumo de O mal estar na cultura, de Sigmund Freud (PARTE II)

Na parte II, de Mal-estar na cultura, Freud levanta uma questão: qual a finalidade da vida para o homem? Encara o problema então sob a concepção da busca pela felicidade e evidencia os seus entraves.
O homem comum entende sua religião como finalidade da sua vida, sua doutrina e suas promessas de compensação da vida numa vida do além são seu norte. Pensando como um humanista, Freud acha doloroso pensar que a maioria dos mortais nunca se elevará acima dessa pespectiva.
Apesar disso, apenas a religião contém a resposta para a finalidade da vida do homem.
A vida, para Freud, nos traz muitas dores, desilusões e tarefas insolúveis. Para suportá-la, construções auxiliares são necessárias e fazem a vida funcionar, ele destaca três tipos dessas construções auxiliadoras da difícil vida: distrações poderosas que nos façam desdenhar nossa miséria, satisfações substitutivas que a amenizem e entorpecentes que nos tornem insensíveis a ela. Freud exemplifica a atividade cientifica como tipo de distração e a arte como satisfação.
5. Freud substitui a pergunta, e faz outra que julga ser mais modesta: O que os homens almejam alcançar na vida? – responde então que é a felicidade. Por um lado almejam a ausência de dor e desprazer e por outro querem viver sensações intensas de prazer. Mas felicidade, literalmente, refere-se apenas ao segundo tipo citado.
Assim, o sentimento de felicidade, enquanto finalidade da vida, está diretamente ligado ao principio do prazer, e é estritamente irrealizável, pois esta em conflito com o mundo externo. Somos, segundo S. Freud, feitos de tal modo que podemos gozar muito mais do contraste do que do estado pleno. Muito menores são os obstáculos para experimentar a infelicidade.
O sofrimento ameaça de três lados: do próprio corpo, do mundo externo, e das relações com outros seres humanos em sociedade. Essa última sendo a mais dolorosa.
8. Freud cita um método de obtenção da felicidade, que diz que é escapando da infelicidade e se afastando do mundo externo. Há outro modo: atacar a natureza com a ciência, influenciando o organismo e intoxicando-o.
Freud analisa a forma de prazer provindo da arte e diz que: “a suave neurose em que a arte nos coloca não capaz de produzir mais do que uma fugaz libertação das desgraças da vida, e não é forte o bastante para esquecer a miséria real.” (p. 71)
Freud então cita outro procedimento e afirma que o único inimigo é a realidade, sendo necessário cortar todos os laços com ela para ser feliz em algum sentido. E dá o exemplo do eremita, que dá as costas para o mundo real. Ainda é possível ainda transformar o mundo, e querer construir outro mundo melhor em seu lugar.
Cada um de nós, segundo Freud, age como um paranoico, corrigindo a realidade. E caracteriza a religião como delírio desse tipo. (quem adere ao delírio, nunca o reconhece como tal).
Freud então fala do amor enquanto método de obtenção da felicidade: amar e ser amado. E cita o amor sexual como forma de prazer avassalador. Por outro lado jamais sofremos tanto do que quando perdemos o amor, o que nos mostra que estamos desprotegidos quando amamos. Contudo, isso não desmerece o amor como fonte de felicidade. (não apenas o amor, mas a beleza em seu sentido mais geral).
Já a técnica de obtenção da felicidade proposta pela religião na verdade atrapalha a busca do homem: “sua técnica consiste em depreciar o valor da vida e desfigurar a imagem do mundo real de modo delirante”. (p. 78). Apesar disso, a religião poupa os homens da neurose individual.
Há, nos dirá Freud, muitos caminhos que nos levam a felicidade, mas nenhum que nos leve até ela com segurança.

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