Se
antes a cultura era um contra-tempo para a felicidade e a
sexualidade, agora ela é responsável pela castração dos impulsos
agressivos do homem. Freud nos mostra como isso se dá:
Uma
das máximas da sociedade aculturada, segundo Freud, diz: “Amar
o próximo como a si mesmo”.
Tal máxima, para Freud, é irrealizável - amar ao próximo sem que
ele me cative de alguma maneira é impossível - além de irracional.
Mas então o que um estranho merece de mim? Freud nos dirá que
merece minha hostilidade, meu ódio, pois não parece ter o mínimo
amor por mim, e não demonstra por mim a mínima consideração,
poderá me prejudicar caso lhe convenha, etc. Dessa forma Freud
protesta contra o mandamento, e diz que se o mandamento fosse: “Amará
o teu próximo como o teu próximo te ama”,
ele não protestaria. Além disso, critica outro mandamento: “amará
teus inimigos”. Mas
economiza palavras e diz que no fundo tem o mesmo sentido do primeiro
mandamento.
“Homo
homini lúpus" (o
homem é o lobo do homem), Freud cita Hobbies e diz que sua máxima é
incontestável. Essa inclinação agressiva, agora citada por Freud,
perturba nosso relacionamento com o outro e força a cultura a
dispêndios. Ele escreve: “A
cultura precisa fazer de tudo para impor limites aos impulsos
agressivos do homem.” (p.
125)
Nesse
ponto, Freud cita os comunistas como idealizadores do homem bom,
bem-intencionado, mas corrompido pela propriedade privada: a
propriedade privada dá o direito de quem o poder de maltratar quem
não tem. Caso ela fosse abolida a hostilidade entre os homens
desapareceria. Freud não acha que a abolição da propriedade
privada resolveria os problemas: diz que não é fácil para o homem
renunciar a sua tendência agressiva.
Analisando o etnocentrismo, Freud dá-lhe uma terminologia
psicológica de “narcisismo das pequenas diferenças”, o que,
segundo o autor, não contribui muito para a sua explicação. Ele
escreve: “Nele
se reconhece uma satisfação cômoda e relativamente inofensiva da
tendência a agressão por meio do qual a união dos membro da
comunidade é facilitada.”Pag.
129
Segundo o autor, as coisas eram melhores quando o homem vivia em
condições primitivas, pois não encontrava qualquer restrição a
seus impulsos. Por outro lado, ele não tinha algo que a cultura lhe
trouxe: segurança.
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