Sigmund
Freud relatou, em sua obra "O
mal-estar na cultura", a luta
que o cidadão trava na sua busca para atender às exigências
culturais e seu mal-estar por conta disso. Torna-se necessário,
nesse sentido, valvulas de escape que aliviem esse mal-estar causado
pelo conflito entre suas
pulsões primitivas e os condicionamentos sociais.
O
tema do humor enquanto função social de manutenção da civilidade
foi pouco difundido; Platão e Aristóteles falavam do riso enquanto
sinal de superioridade. Henri Bergson, em sua obra "O
riso" (1901), aponta para as
situações que nos fazem rir, o significado da comicidade e suas
fundamentações; Freud, em Chistes
(1905) e em O Humor (1927), tratou
do cômico e sua relação com o inconsciente.
É
importante ressaltar que essa função é estudada, no presente caso,
ao nível social com base em análises psicanalíticas e não do riso
enquanto fenômeno biológico.
Afinal,
que função é essa? O humor revela um lado do homem de
imperfeições e tem o poder de ridicularizar conceitos que até
então eram respeitados ou temidos. Dessa forma, o humor,
essencialmente subversivo e libertador, liberta momentaneamente o
sujeito da rigidez das convenções sociais.
O
humor sarcástico, por exemplo, traz consigo uma inversão de
valores onde a hipocrisia nao encontra o seu lugar. O seu poder de
aliviar o individuo do politicamente correto sem que isso caracterize
um posicionamento sério por parte de quem faz o humor também é uma
caracteristica: sua única
responsabilidade é a de divertir e não de persuadir.
Além
disso, o humor tem o obejtivo de entrerter o individuo e há
evidências de que ele funcione, como disse Freud em seu O
Mal-estar na cultura,
como filtro de esquecimento do sofrimento, ao lado das religiões e
das artes.
Segundo
Sigmund Freud, o riso ocorre quando liberamos impulsos reprimidos em
nosso insconsciente. O riso cumpre, nesse sentido, a função de
equilibrar as emoções do individuo reprimido pela cultura. Seu
mal-estar consiste no desequilibrio causado pela tensão entre os
impulsos reprimidos e a sua falta de expressão; tal expressão nós
obtemos no riso ou no ato de fazer humor.
Denise
Maria Oliveira ,
em seu artigo "Pontos de vista
sobre o humor: Pirandello e Freud" enfatiza
a função do humor:"O humor
pode ser considerado uma das funções de defesa que diferentemente
da repressão, encontra um meio de converter desprazer em prazer".
O humor, Segundo Freud em seu ensaio de 1927 O
humor, não apenas significa o
triunfo do eu mas também do principio do prazer: a rejeição da
dura realidade e imposição do principio do prazer. Imposição,
diga-se de passagem, necessária a sobrevivência de um eu sadio.
Não
importa o quão hostil seja o meio o qual o homem vive, sempre
poderemos fazer piadas sobre ele e tirar prazer das adversidades que
o cerca, fazendo novas interpretações dos fatos enquanto rimos. Por
isso, deve-se recomendar o humor como ferramenta capaz de livrar o
individuo, mesmo que momentaneamente, das fontes de desprazer
advindas da vida em sociedade.
Segundo
Marilia Brandão Lemos Morais, em seu artigo "Humor e
psicanálise", o que o humor transmite significa: “Olhem!
Aqui está o mundo, que parece tão perigoso! Não passa de um jogo
de crianças, digno apenas de que sobre ele se faça uma pilhéria!”.
Nesse
aspecto, o humor é transgressor, pois desvia o sujeito da alienação
social e o faz reduzi-la a uma boa gargalhada.
Não
significa que quem não tem o dom raro e precioso do humor não irá
satisfazer-se: o elemento catártico faz com que todos tenham acesso
ao que humor é capaz de oferecer. Sendo raro, o dom do humor faz do
comunicador humorista um libertário, que liberta o espectador da
repetição cotidiana para fazer-lhe revelações prazerosas sobre o
mundo que o cerca.
A
grosso modo, ele cumpre um papel politico importante, não é atoa
que no Brasil possuimos um palhaço eleito deputado Federal pelo
estado de São Paulo, ele tenta fazer pela administração do seu
pais aquilo que fizera quando humorista reconhecido. Francisco
Everardo Oliveira Silva (o Tiririca) é um exemplo com o potencial de
demonstração da verdadeira importância que o humor tem na vida do
individuo. Se pudéssemos traduzir aquilo que eleitor brasileiro
levou em conta ao escolher o palhaço como representante politico,
diriamos que ele escolheu como representante também o humor.
Contudo,
levando-se em consideração o humor em sua ampla função social de
acomodar o sujeito a si mesmo, tornando possível sua distração
enquanto desperta-lhe a alegria de viver em sociedade e de conviver
com paz de espirito com as exigências culturais, levando-o a rir
delas de vez em quando, pode-se conceituar a ferramenta do humor como
um meio capaz de influir no âmbito social positivamente,
equilibrando as relações humanas e tornando-as mais suportáveis;
fica demonstrado, portanto, que o humor é um caso sério e que
merece mais atenção.
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