Filosofia
como exercício no epicurismo
O
epicurismo é conhecido como filosofia da busca pela felicidade; não
obstante é chamada de filosofia de preparação para a morte. Viver
de acordo com os epicuristas é buscar a felicidade evitando a dor e
entendendo racionalmente o que significa a morte. Nesse sentido, para
os epicuristas, filosofia é um instrumento moral, e deve ter como
uma das suas preocupações a vida prática.
Ensinado
em Atenas, no jardim de Epicuro, o epicurismo mais pareceu o
resultado das diversas conversações entre Epicuro e seus amigos,
mas não o foi: ele já era importante antes mesmo de chegar lá.
Nausifanes
de Cartago (o água viva) foi um dos responsáveis pelo pensamento
epicurista, e induzido pelo pensamento de Pirro que, por sua vez, foi
fortemente influenciado pelas escolas atomistas, ensinou a Epicuro,
enquanto seu mestre, a fisica do átomo e do vazio e sua aplicação
tanto para a epistemologia como para a ética, antes de Epicuro se
preocupar com a felicidade.
Para
Epicuro, não é possível ser feliz com medo, por isso, para ser
feliz o homem não deve temer os deuses ou a morte. Para tal é
preciso que ele entenda como funciona a natureza e controle suas
crenças: os deuses, divinos e perfeitos, não irão nos castigar,
pois não se misturam com a vida humana e a morte nada é para nós,
uma vez que quando ela é, nós é que não somos mais. Assim,
conhecendo os princípios da morte e ensinando-lhe em quê acreditar,
é possível libertá-lo do medo que o atormenta e conduzí-lo a uma
vida feliz.
Segundo
os epicuristas, não há idade para filosofar, assim como não há
idade para ser feliz e conquistar a saúde da alma, alcançando a
liberdade e cultivando os prazeres simples da vida. É preciso evitar
os prazeres exagerados, para isso não se deve acostumar o corpo ,
pois isso acarretará em sofrimentos depois. Em um dos seus
fragmentos, Epicuro nos dirá:
“Chamamos
ao prazer princípio e fim da vida feliz. Com efeito, sabemos que é
o primeiro bem inato, e que dele derivamos toda escolha ou recusa e
chegamos a ele valorizando todo bem com critério do efeito que nos
produz.”
Os
prazeres aos quais ele se refere não podem ser confundidos com os
prazeres sensuais, mas sim com aqueles que livram o homem do
sofrimento do corpo e das pertubações da alma. Além disso, ele
ainda destaca os prazeres estáveis e os prazeres do movimento: o
primeiro caracterizado pela ausência de perturbação e o segundo
pela sua vivacidade do movimento.
A
morte, dirá eles, é a privação da sensibilidade, uma vez que todo
bem e todo mal advém da sensibilidade, a morte nem bem e nem mal é.
Nessse sentido, não há nada de terrível em deixar de viver. Os
epicuristas nos dirão ainda que temer a morte é fruto da
ignorância, sobre isso, Epicuro escreve a Meneceu, em sua carta para
a felicidade:
O
sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixarde
viver; viver não é um fardo e não-viver não é um mal.
Desse modo, para os epicuristas, a
busca pela felicidade conta com um método denominado TETRAPHARMAKON
(quatro drogas), que além de dizer para não temer a morte e os
deuses, diz que a dor pode ser suportada e que a felicidade pode ser
alcançada.
Contudo e nessee sentido, pode-se
afirmar que filosofia como exercício no epicurismo consiste em
apreender os ensinamentos de epicuro e aplicá-los a vida prática,
buscando a felicidade e procurando viver de acordo com prazeres
necessários, evitando os desnecessários.
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